O impacto da pandemia na indústria da moda em Portugal
Desde 2020 que a atual situação de pandemia vivida em Portugal não perdoa os empresários e comerciantes dos mais variados sectores, e o da moda não é exceção. A indústria da moda, atualmente a funcionar a meio gás, luta arduamente para se manter à tona e continuar a ser relevante.
Com novas coleções em atraso, ideias por debater e produções afetadas, até os mais influentes designers sentem-se obrigados a recorrer cada vez mais aos meios digitais para apresentar os seus novos trabalhos. É assim notável um maior investimento nas plataformas digitais para apresentação de novos produtos e ideias.
A típica sazonalidade a que estávamos habituados nas coleções Primavera/Verão e Outono/Inverno começa a ser esquecida. Os designers têm optado mais por mostrar as novas coleções no ato do lançamento, ao contrário do que as grandes maisons tradicionalmente faziam.
Ao mesmo tempo, é evidente o efeito que a pandemia teve nos fabricantes. Estes já eram tipicamente obrigados a avançar com o custo dos materiais e produção sem qualquer injeção de fundos por parte das marcas e grossistas, ficando meses à espera das eventuais encomendas. A pandemia veio afetar esta dinâmica, forçando até as maiores marcas a cancelar encomendas, trazendo enorme prejuízo a quem está na base da cadeia imperdoável que é a moda.
Estudos apontam para um corte mundial de 300 mil milhões de euros no setor da moda, o que corresponde a uma quebra de 15,2%. Deste valor, 85% corresponde ao fecho de retalhistas por todo o mundo. Portugal foi também muito afetado, com um decréscimo de 6,4% na exportação de produtos têxteis face ao período homólogo. Estas são péssimas notícias para um setor que emprega cerca de 138.000 portugueses.
A digitalização da moda
No entanto, nem tudo são más notícias. A digitalização da moda tem sido encarada como uma luz ao fundo do túnel. Alguns designers portugueses têm verificado aumentos de 120% nas compras online, apesar de terem reduzido consideravelmente o tamanho das suas coleções por falta de recursos. Estes aumentos online, apesar de não serem suficientes para balancear os números, trazem uma réstia de esperança aos que mais têm sofrido com a quebra deste setor.
Muitos acreditam que o futuro da moda passará pelo digital, com as marcas cada vez mais a optar por lançamentos e vendas online, mesmo que seja por obrigação. Assim como em outras indústrias que se popularizaram ainda mais no online, como é o caso dos casinos.
Relativamente aos desfiles, os maiores desfiles de moda portugueses estão adiados para Outubro e prometem trazer muitas novidades na forma de apresentação, dizendo-se ser um híbrido entre o online e o presencial.
Em simultâneo, o número de candidaturas de modelos para trabalhos para apresentação online tem disparado para o dobro, apesar das oportunidades e os castings serem menores e menos frequentes. Ainda assim, o número de vagas para trabalhos de moda para lojas online tem aumentado significativamente, o que é visto como um passo na direção certa.